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ENTENDER, E TER FERRAMENTAS PARA QUEBRAR O CICLO DE PUNIÇÃO

O Livro “Modificação de Comportamento – O que é e como fazer”, de Martin Garry Pear, dispõe sobre princípios básicos de análise de comportamento. No Capítulo 12 expõe sobre os efeitos potencialmente prejudiciais do uso da punição. Estes podem ser resumidos como segue:

1)    Comportamento agressivo. A punição tende a eliciar (gerar) comportamento agressivo. Experimentos com animais demonstram que estímulos dolorosos fazem com que ataquem outros animais – ainda que esses outros animais nada tenham a ver com a aplicação dos estímulos dolorosos (Azrin, 1967). Algumas pesquisas (Berkowitz, 1988, 1989) sugerem que tal descoberta também se aplica a humanos. Assim, não deveríamos nos surpreender ao observar indivíduos, que acabaram de ser punidos, atacando outros indivíduos.

2)    Comportamento emocional. A punição pode produzir outros efeitos colaterais emocionais, tais como choro e medo generalizado. Tais efeitos colaterais são desagradáveis para todos os envolvidos, além de frequentemente interferirem com o comportamento desejado – especialmente se este for de natureza complexa.

3)    Comportamento de fuga-esquiva. A punição pode fazer com que a situação e as pessoas associadas ao estimulo aversivo se transformem em estímulos aversivos condicionados. Por exemplo: caso você puna uma criança ao ensina-la a ler, todas as vezes que ela cometer um erro, qualquer coisa associada a tal situação – como palavras impressas, livros, a pessoa que administra a punição, o tipo de sala na qual a punição ocorre – tendera a se tornar punitiva. A criança pode tentar escapar de tais estímulos ou evita-los.
Portanto, em vez de ajudar o indivíduo a aprender, a punição pode afasta-lo de tudo que tenha a ver com a situação de aprendizagem. O estimulo aversivo não precisa ser particularmente forte para ter os efeitos indesejados mencionados nos itens 1 a 3.

4)    Nenhum comportamento novo. A punição não instala qualquer comportamento novo desejado; apenas suprime o comportamento antigo. Em outras palavras, a punição não ensina ao indivíduo o que fazer; quando muito, ensina-lhe apenas o que não fazer. Por exemplo: a principal característica da pessoa com desenvolvimento atípico e que lhe faltam comportamentos que a maioria das pessoas tem. A ênfase básica com tais indivíduos deveria ser, então, a instalação de novos comportamentos, em vez de meramente eliminar comportamentos antigos. Tal tarefa requer reforçamento.

5)    Uso continuo da punição. Como a punição resulta na rápida supressão de comportamento indesejado, ela pode induzir o usuário a depender muito dela, negligenciando o uso do reforçamento positivo para o comportamento desejado. No entanto, o comportamento indesejado pode reaparecer depois de uma supressão apenas temporária ou pode ocorrer algum outro comportamento indesejado. A pessoa que administra a punição talvez recorra, então, a doses progressivamente mais fortes, criando assim um círculo vicioso com efeitos colaterais desastrosos.

Somados a estes fatores prejudiciais da punição podemos acrescentar:
•  Perda de confiança no tutor;
• Desestímulo a criatividade;
• Desamparo Aprendido (a dificuldade de aprendizagem apresentada por indivíduos que tiveram experiência prévia com estímulos aversivos incontroláveis).

E sim, existem alternativas. Nas palavras de  Martin Gerry Pear “para aumentar as possibilidades de ocorrência do comportamento alternativo desejado, qualquer pessoa que esteja tentando usar um programa de punição deve, em primeiro lugar, minimizar as causas do comportamento indesejado. Isso implica em duas coisas:
• Primeiro, deve-se tentar identificar os estímulos que controlam o comportamento indesejado.
• Segundo: deve-se tentar identificar reforçadores existentes que estão mantendo o comportamento indesejado. Se o comportamento está ocorrendo, é provável que reforçadores ocasionais o estejam mantendo.”

A identificação dos antecedentes e das consequências de um comportamento é chamada de analise funcional e um adestrador com conhecimento em comportamento, que que atue com base em metodologia positiva pode orientar você e sua família com seu melhor amigo.

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